domingo, 25 de abril de 2010

Desamparo e Desencontro

Até que enfim, 3AM, saio na rua na esperança vã de te encontrar entre os becos escuros, de outro encontro furtivo com a testemunha das estrelas, de outras quantas horas sem encostarmos um no outro. Morro de vontade de te ver de novo, te sonhar de novo. Sumiste entre o asfalto durante o amanhecer dos nossos encontros, só ficou a poeira e o eco do nosso canto. Caminho exausta, relembrando tuas palavras, o retrato daquilo que criei, no entanto nada, nada do que o espelho mostrou.
Disseram-me que era apenas loucura, que te imaginava sempre, naquele canto escuro da sala, disseram-me que eras um fantasma mais das mortes nas ruas, disseram-me que eras uma ilusão, porém optei por acreditar que existias, que eras mais do que isso e teu sumiço repentino consagrava as minhas suspeitas, mas naquele dia abri os olhos e não pude ver nada, só a destruição, só o fim, o caos, os sonhos viraram a poeira que acoberta os assassinos de sonhos no por do sol, sobra a agua que lava a cidade cinza cedo de manhã e das esperanças sobram os ecos das palavras atravessadas por balas, sumidas entre salas escuras, silenciadas de todas as formas e de nenhuma...
Da esperança sobram os sonhos as criações, as utopias, só me pergunto se em algum canto do mundo resta a vontade de continuar sonhando como quando eramos crianças, me pergunto se ainda dispomos de sacrificar os soldados ante a crueldade do sol, ante as guerras fictícias, me pergunto então se naquilo que chamamos de maturidade resta ao menos um pouco de coragem. É pelo excesso de poeira que enxergo que não consigo parar de me perguntar, os ecos nas ruas, a morte na sua presença indistinguível cega qualquer indicio de encontrar-te, ainda somos desconhecidos, brincando de pique-esconde, caducamos a cada segundo, paramos de acreditar, só podemos temer.
Passam as horas sem te encontrar e sinto que alguma coisa se quebra, a vontade de te procurar se acalma, o desespero decresce, quando percebo encontro-me num canto escuro de novo, abraçando as minhas pernas e repetindo que és real, que vou te achar, caio no sono e entendo que mais uma vez a esperança esta perdida. Desisto, ante o inimigo fico cega, surda e muda, foi aqui que nas noites te pedia para acabar comigo...foi assim como soube que estava louca, que não existias, que uma vez mais estava abandonada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário